Louvar à Deus
Ao escrever este texto não tenho a idéia de impor ou ofender, mas convidar à reflexão sobre a Igreja que Jesus Cristo fundou e como a Bíblia confirma a Igreja Católica Apóstolica Romana como sua verdadeira continuidade.
Quando louvamos a Deus, não estamos realizando um ato para nos agradar, mas sim para Deus, logo não pode ser algo que simplismente saia da nossa cabeça, por exemplo, se hoje minha vontade é cantar, somente irei cantar, mas se amanhã minha vontade for outra irei fazer outra coisa. Não é assim que Deus nos ensina nas Escrituras Sagradas, Ele deixou exatamente como deseja que seja feito esse louvor. O próprio jesus Cristo que veio ao mundo para nos revelar a Verdade e abrir o caminho para vidade eterna. A Verdade revelada não é relativa, nem fragmentada, sim objetiva, universal e plenamente manifestada em Cristo e em sua Igreja, como Ele mesmo estabeleceu, organizada e hierárquica.
Vamos agora o que fundamenta nossa certeza de que a Igreja de Cristo é a Igreja Católica Apostólica Romana:
1 – Construida sobre Pedro e garantida por Deus
Em Mateus 16 : 18-19 temos a chave para entender tanto a fundação quanto a autoridade da Igreja instituida por Cristo:
“ Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre essa pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do infernonunca prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus e o que ligares na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus.“
O texto revela algo extraordinário, ao mudar o nome de Simão para Pedro (do grego Petrus, “pedra”), Jesus confere uma identidade única e uma missão nova. Essa designação não é meramente simbólica, mas remonta ao papel dado ao mordomo principal na tradição judaica (compare com Isaías 22:22). Pedro é apresentado como o fundamento visível da Igreja, a rocha sobre a qual a comunidade visível de Cristo será construída, com autoridade espiritual irrevogável (“as chaves do Reino dos céus”). Fica extremamente claro a primazia de Pedro nessa passagem e em outras do evangelho:
- Em João 21 : 15-17, após sua ressureição, Jesus se dirige a Pedro e o instrui com as palavras ” Apascenta minhas ovelhas”, a tríplice repetição encontra nessa passagem confirma a liderança de Pedro, no cuidado do rebanho de Cristo, um rebanho unido, cujo centro visível é este apóstolo.
- Em Lucas 22 : 31-32, ainda que Pedro seja frágil como homem, Jesus diz : ” eu, porém orei pr ti, a fim de que tua fé não desfaleça. Quando, porém, te converterdes, confirma teus irmãos.” Este é o dever do líder, fortalecer, congregar, guiar.
Assim podemos dizer que a Bíblia entrega inegavelmente, a liderança a Pedro, não só em termos simbólicos, mas institucionais e universais.
2 – Sucessão Apostólica – A base da continuidade
A fundar sua Igreja, Jesus preparou um grupo específico de homens, os apóstolos, para continuação de sua missão após sua partida. Ja pararam para pensar que diante de tantos seguidores, porque somente esses 12 homens foram escolhidos e dados a eles poderes e autoridade sobre Sua Obra? Deus escolhe quem ele quer e não quem é o melhor ou mais capacitado, como vemos na passagem do homem endemoniado, que deseja seguir Jesus após ser curado, mas Jesus o manda de volta a sua vida normal e falar Dele para os seus.
Em Lucas 9 : 1, Jesus pega esses 12 homens, da poder e autoridade, e ainda os envia a uma missão, que é proclamar o Reino de Deus. Depois em Lucas 10:1 Jesus escolhe outros 72 para anunciar o evangelho à sua frente, somente depois Ele chega com seus 12 apóstolos. Jesus define um apostolado, esses 12 irão dar continuidade à Sua Obra. Essa continuidade, sucessão é vista com clareza em Atos dos Apóstolos 1:20-26, quando os apóstolos reunidos decidem eleger Matias como sucessor de Judas, demonstrando que a liderança e a autoridade apostólica não morreriam com os apóstolos originais.
Com essas passagens podemos ter a percepção que Jesus monta uma congreção, reunindo seus seguidores, mas não é de forma aleatória, todos misturados, existe uma estruturação, com uma hierarquia, com apóstolos, com discípulos que possuem uma autoridade sobre os outros, define uma liderança na pessoa de Pedro.
A autoridade da Igreja edificada por Cristo pode ser constatada quando os 72 enviados por ele retornam dizendo: ” Senhor, até os demônios nos submetem em teu nome!” Lucas 10:17.
Percebam que a autoridade dessa Igreja que Jesus esta fundando é tamanha que em Lucas 10 : 16, Jesus diz: “ Quem vos ouve a mim ouve, quem vos despreza a mim despreza, e quem me despreza, despreza aquele que me enviou.” Vejam bem, analisando essa passagem, Jesus não diz isso a todo mundo, esta falando para os seus escolhidos, aos que ele deu a missão de proclamar o evangelho em seu nome, agora podem imaginar o poder de falar em nome Deus? Analisando as passagens acima como Atos 1:20-26, concordam que essa autoridade não acabou com a morte dos apóstolos originais e sim passada a um sucessor. A beleza disso esta em ver a continuidade de um ato iniciado por Jesus Cristo, dessa forma ao encontrar um bispo católico, saiba que a origem desse título remonta de um apóstolo original que passou sua autoridade a outro bispo e sucessivamente até chegarmos nos nossos atuais. Não é um título autoproclamado como em outras congregações cristãs, vem de uma linhagem histórica.
3 – Escritura e Tradição: Duas faces da Revelação Divina
Muitos cristãos defendem a sola scriptura, o princípio de que a Bíblia sozinha é o suficiente para a fé e a salvação, contudo essa idéia, apesar de bem intecionada, encontra sérios desafios bíblicos, históricos e lógicos. Para compreender o ensinamento da Igreja Católica sobre a relação entre Escritura e Tradição, é necessário explorar como ambas se complementam como parte da única Revelação Divina confiada à Igreja.
Cristo nunca escreveu nenhum livro nem ordenou que os apóstolos escrevessem, Ele anunciou o evangelho através de Sua pregação e confiou a proclamação dessa Boa Nova à Igreja, dizendo aos apóstolos: ” Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai, do Filho edo Espírito Santo e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei. E eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.”
Os apóstolos, obedecendo a essa missão, inicialmente pregaram o evangelho de maneira oral. Somente anos ou décadas após a morte e ressurreição de Cristo, por inspiração Divina, alguns começaram a registrar esses ensinamentos em textos que se tornaram parte do Novo Testamento. A centralidade da Tradição oral é clara nos primeiros dias do cristianismo, quando a Palavra de Cristo ainda não estava completamente reunida em forma escrita.
O apóstolo Paulo destaca esse ponto em 2 Tessalonicenses 2:15: “ Portanto, irmãos, ficai firmes; guardai as tradições que vos ensinamos oralmente ou por escrito.” Aqui, Paulo coloca tradições transmitidas oralmente no mesmo nível das suas cartas escritas. Isso significa que a Tradição não é inferior à Escritura, mas complementa e esclarece a mensagem contida na Palavra de Deus escrita.
Cristo confiou a mensagem de salvação não a um livro, mas a uma Igreja viva com autoridade para ensiná-la e protegê-la até o final dos tempos. Ele disse aos apóstolos em Lucas10:16 : “Quem vos ouve a mim ouve, quem vos despreza a mim despreza, e quem me despreza, despreza aquele que me enviou.” Essa delegação de autoridade garante que a Igreja seja a intérprete fiel da Revelação Divina. Sem essa autoridade viva, a mensagem de Cristo poderia ser mal interpretada, dividida ou corrompida ao longo dos séculos, como testemunhamos na fragmentação entre diferentes correntes cristãs. De fato, a própria composição do cânon bíblico (a Bíblia) é parte dessa autoridade conferida à Igreja. Foi a Igreja Católica, nos concílios regionais de Cartago (397 d.C.) e Hipona (393 d.C.), que estabeleceu os livros que hoje reconhecemos como o Antigo e o Novo Testamento. Esses textos não “cairam do céu”; foi o Magistério da Igreja, sob a orientação do Espírito Santo, que discerniu quais escritos pertenciam à Palavra de Deus. Isso demonstra que a própria Bíblia dependeu da Tradição e do Magistério para sua formação.
Agora raciocinem comigo, se você acredita que a Bíblia é a Palavra de Deus, inspirada pelo Espírito Santo e sabemos que quem reuniu todos o livros contidos nela, foi a Igreja Católica seguindo a Tradição Apostólica, por que hoje em dia você não reconhece essa mesma Tradição como autoridade?
A Bíblia nunca ensina que ela, isoladamente, é a única fonte de autoridade. Na verdade, a doutrina da sola scriptura surge apenas no século XVI, com a Reforma Protestante, e não tem respaldo nas Escrituras ou na prática da Igreja primitiva. Alguns dos grandes problemas dessa doutrina incluem:
- Interpretação individualista – Se cada pessoa interpreta a Bíblia por si mesma, surgem interpretações conflitantes. Isso é exatamente o que ocorre no protestantismo, que se fragmentou em milhares de denominações( cerca de 40 mil hoje em dia) . A ausência de uma autoridade comum inevitavelmente leva a divisões doutrinárias. A própria Bíblia adverte contra interpretações privadas e isoladas. Em 2 Pedro 1:20-21, o apóstolo afirma: ” Antes de mais nada, sabei isto: que nenhuma profecia da Escritura resulta de uma interpretação particular, pois que a profecia jamais veio por vontade humana, mas homens, impelidos pelo Espírito Santo, falaram da parte de Deus.”
- A Bíblia não se explica sozinha – embora a Palavra de Deus seja clara em muitos aspectos, algumas passagens exigem interpretação à luz da Tradição, de uma exegese profunda e da orientação do Espírito Santo por meio do Magistério. Por exemplo, o apóstolo Pedro reconhece que as cartas de Paulo contêm “coisas difíceis de entender” (2 Pedro 3:16), que podem ser distorcidas. Sem a autoridade interpretativa da Igreja, que possui continuidade desde os tempos apostólicos, a mensagem das Escrituras pode ser desfigurada.
4 – Escritura, Tradição e Magistério, um tripé indispensável
A Igreja Católica ensina que a Revelação de Deus não é transmitida de forma isolada só pela Escritura ou só pela Tradição. Ao contrário, a Revelação é sustentada por três pilares inseparáveis:
- Escritura: A Palavra de Deus escrita, inspirada pelo Espírito Santo.
- Tradição: A transmissão oral dos ensinamentos de Cristo e dos apóstolos, viva na Igreja.
- Magistério: A autoridade da Igreja para ensinar, interpretar e proteger fielmente o depósito da fé.
Esses três elementos funcionam em harmonia. Como ensina o Catecismo da Igreja Católica (n. 80-82): “A Tradição Sagrada e a Sagrada Escritura estão estreitamente ligadas e comunicam-se uma com a outra. Pois ambas, fluindo da mesma fonte Divina, constituem, por assim dizer, um só depósito sagrado da Palavra de Deus.”
Essa perspectiva reflete o coração da Igreja primitiva, que nunca separou Escritura e Tradição. Santo Irineu de Lyon (202 d.C.), um dos primeiros Padres da Igreja, declarou: “Por ela (a Tradição), a Igreja transmitiu aos seus filhos aquilo que recebeu dos apóstolos e da comunidade de crentes ao longo dos tempos.” (Contra as Heresias, Livro 3, Cap. 3).”
Quando a pessoa acredita na Bíblia e não acredita na Tradição ela cai em uma situação onde a lógica foi perdida, perde os fundamentos, fica uma vazio, Ela não caiu do céu, foi escrita por homens, inspirada pelo Espírito Santo e seus livros selecionados pela Igreja Católica também sob inspiração Divina.
5 – Exemplos Bíblicos de Tradição em ação
- A Autoridade dos Líderes Religiosos – Em Mateus 23:2-3, Jesus diz : “Os escribas e fariseus estão sentados na cátedra de Moisés. Portanto, fazei e observai tudo quanto vos disseram. Mas não imiteis as suas ações, pois dizem, mas não fazem.” Aqui, Jesus reconhece a autoridade dos líderes religiosos sobre a interpretação da Lei, mesmo que sua conduta fosse reprovável. Da mesma forma, a Igreja Católica, guiada pelo Espírito Santo, possui essa autoridade espiritual para ensinar e interpretar a Palavra de Deus em Sua plenitude.
- A Tradição no batismo – A Bíblia não especifica a prática de batizar crianças, mas desde os tempos apostólicos essa era uma tradição viva da Igreja baseada na compreensão de Atos 16:15, Atos 16:33 e Colossenses 2:11-12, que equipara o batismo à circuncisão. Isso é um exemplo de como a Tradição complementa as Escrituras. (Tenho neste blog um post em falo exclusivamente sobre batismo infantil)
A ideia de que a Escritura sozinha é suficiente negligencia a base bíblica, histórica e teológica do cristianismo, A Igreja Católica, como a Igreja viva fundada por Cristo, recebeu o depósito completo da fé – contido na Escritura e na Tradição e, através do Magistério, tem a autoridade garantida pelo Espírito Santo para interpretá-lo e transmiti-lo fielmente. A harmonia entre Escritura e Tradição não diminui a Palavra de Deus, mas a eleva e garante que sua integridade e mensagem permaneçam acessíveis a todas as gerações. Dessa forma, a Bíblia sozinha não pode ser entendida adequadamente sem o contexto vivo da Igreja, que é a “coluna e sustentáculo da verdade” (1 Timóteo 3:15).

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