A prática de batizar crianças remonta aos primeiros séculos do cristianismo. Escritos de pais da Igreja, como Orígenes e Santo Agostinho, testemunham que o batismo infantil era uma prática reconhecida e comum na Igreja primitiva. Santo Agostinho, por exemplo, defendeu o batismo de bebês em conexão direta com a doutrina do pecado original. Ele escreveu: “O batismo infantil é transmitido pela tradição apostólica, e até o recém-nascido precisa de salvação pela graça de Cristo“.
Como a criança ainda não é capaz de declarar pessoalmente sua fé, a Igreja ensina que os pais e padrinhos assumem essa responsabilidade em nome da criança. O batismo é recebido dentro da comunidade cristã, que se compromete a ajudar no crescimento da fé da criança, até que ela tenha idade para assumir pessoalmente sua jornada de fé (normalmente, na Confirmação ou Crisma).
Como ja vimos em post anterior, o batismo é uma graça sacramental é um ato de Deus, e não algo dependente da compreensão da pessoa que o recebe. O batismo confere graça santificante à alma, tornando a pessoa um filho de Deus e membro da Igreja, independentemente da idade. Essa visão é baseada no entendimento de que é Deus quem age no sacramento, e não o mérito ou compreensão do indivíduo. Em João 3:5 “Respondeu-lhe Jesus: Em verdade, em verdade, te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus.” Isso reforça a ideia de que o batismo é necessário para a salvação, uma necessidade que, segundo a tradição apostólica, se aplica a todas as pessoas, incluindo os recém-nascidos. Se quem não for batizado não entra no Reino de Deus e a graça é um ato de Deus, por que deixar de batizar nossas crianças ?
Embora não haja um versículo explícito na Bíblia que fale do batismo de crianças, também não existe nenhum que fale que não possam ser batizados. Existem diversas passagens que indiretamente nos levam a crer que é necessário o batismo infantil para salvação como interpretaram os pais da Igreja, vamos a algumas passagens bíblicas:
Mateus 19:14
Jesus, todavia, disse: “Deixai as crianças e não as impeçais de virem a mim, pois delas é o Reino dos Céus.“
Embora a passagem não fale diretamente sobre o batismo, as palavras de Jesus são interpretadas como reconhecimento do valor e da inclusão das crianças no Reino dos Céus. Como vimos acima em João 3:5, quem não for batizado não pode entrar no Reino dos Céus, logo, temos de batizar também as crianças.
Atos dos Apóstolos 16, 31-33
Eles responderam: “Crê no senhor e serás salvo, tu e tua casa” E anunciaram-lhe a palavra do senhor, bem como a todos os que estavam em sua casa. Levando-os consigo, naquela mesma hora da noite lavou lhes as feridas, e imediatamente recebeu o batismo, ele e todos os seus.
Essa passagem descreve o batismo de uma família inteira após um carcereiro aceitar o evangelho, em Filipos. Embora o texto não mencione crianças, podemos concluir que quando menciona todos os seus, temos a ideia de incluir todas as pessoas de sua família, inclusive crianças pequenas.
Atos dos Apóstolos 10,48
E determinou que fossem batizados em nome de Jesus Cristo. Pediram-lhe então que permanecesse ali por alguns dias.
No episódio de Cornélio, Pedro batizou imediatamente todos os que estavam em sua casa após a recepção do Espírito Santo. Semelhante ao caso anterior, o batismo coletivo da casa de Cornélio é visto como uma evidência para o batismo infantil.
1 Coríntios 1:16
É verdade, batizei também a família de Etéfanas; quanto ao mais, não me recordo de ter batizado algum outro de vós.
O apóstolo Paulo menciona ter batizado toda a família de Etéfanas, novamente, o entendimento tradicional é de que o batismo incluiu todas as pessoas da família, sem restrições explícitas de idade.
Colossenses 2:11-12
Nele fostes circuncidados, por uma circuncisão não feita por mão de homem, mas pelo desvestimento da vossa natureza carnal: essa é a circuncisão de Cristo. Fostes sepultados com ele no batismo, também com ele ressuscitastes, pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dos mortos.
Essa é uma passagem que conecta a circuncisão ao batismo, que na tradição judaica era aplicada a crianças de oito dias de idade como sinal de inclusão na aliança com Deus. Podemos perceber aqui um paralelo teológico, interpretando que o batismo substitui a circuncisão no Novo Testamento e, portanto, as crianças podem ser batizadas.
Atos dos Apóstolos 2: 38-39
Respondeu-lhes Pedro: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados. Então recebereis o dom do Espírito Santo. Pois para vós é a promessa, assim como para vossos filhos e para todos aqueles que estão longe, isto é, para quantos o senhor, nosso Deus, chamar.
A frase ” a promessa é para vocês e seus filhos” indica que a promessa da salvação e o batismo tem aspecto geracional. Esta passagem pode ser entendida como uma base para incluir crianças na prática do batismo.
Agradeço a todos pela leitura e se possível compartilhe com amigos para que nossas reflexões cheguem a mais pessoas. Lembrando que sou um leigo e para melhor compreensão, é recomendável consultar um sacerdote.
Grande abraço e fiquem com Deus !!!!!

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