Ordem ao Serviço

 O sacramento da Ordem é o meio pelo qual a Igreja Católica perpetua o ministério de Cristo, conferindo a homens batizados o poder e a graça para servir como bispos, padres (presbíteros) e diáconos. Ele não é apenas uma “profissão” ou um cargo, mas uma configuração permanente com Cristo, o Sumo Sacerdote, permitindo que o ordenado atue in persona Christi Capitis (na pessoa de Cristo, Cabeça da Igreja). De acordo com o CIC (n. 1536-1600), a Ordem é um sacramento de serviço, destinado a construir e santificar a comunidade eclesial.

Existem três Graus da Ordem:

  • Episcopado (Bispos): O grau mais elevado, com a plenitude do sacramento. Bispos são sucessores dos apóstolos e têm autoridade para ordenar outros, governar dioceses e ensinar com autoridade.
  • Presbiterado (Padres ou Presbíteros): Colaboradores dos bispos, responsáveis pela celebração da Eucaristia, administração de sacramentos e pastoreio das paróquias.
  • Diaconado (Diáconos): Focados no serviço (diakonia), como caridade, proclamação da Palavra e assistência litúrgica. Diferente dos outros graus, diáconos podem ser casados (embora não após a ordenação).

Esse sacramento é exclusivo para homens, conforme a tradição católica, baseada na escolha de Jesus de doze apóstolos homens e na teologia do sacerdócio como representação de Cristo (CIC 1577). Isso tem gerado debates modernos, mas a Igreja mantém essa posição como parte da Revelação divina.

Há diversas passagens bíblicas que confirmam e fundamentam o sacramento da Ordem, mostrando que Jesus instituiu um ministério ordenado e que os apóstolos o transmitiram. Vamos apresentar algumas com explicações detalhadas:

  1. Instituição por Jesus:
    • Mateus 28:18-20: “Jesus, aproximando-se deles, falou: Toda a autoridade sobre o céu e sobre a terra me foi entregue. Ide, portanto, e fazei que todas nações se tornem discípulos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-as a observar tudo o quanto vos ordenei. E eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos!” Aqui, Jesus confere aos apóstolos a autoridade para ensinar, batizar e guiar, o que é o cerne do ministério episcopal e presbiteral.
    • João 20:21-23: “Como o Pai me enviou, também eu vos envio. […] Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, serão perdoados; a quem os retiverdes, serão retidos.” Essa passagem é crucial, pois Jesus “envia” os apóstolos com poder para perdoar pecados (ligado à Confissão) e ministrar em Seu nome, estabelecendo a base para o sacerdócio sacramental.
    • Lucas 22:19 (na Última Ceia): “Fazei isto em memória de mim.” Jesus ordena aos apóstolos que repitam a Eucaristia, conferindo-lhes o poder de consagrar o pão e o vinho.

Transmissão pelos Apóstolos:

  • Atos 1:15-26: A eleição de Matias para substituir Judas mostra a sucessão apostólica, um pilar da Ordem.
  • Atos 6:1-6: A imposição das mãos sobre os sete diáconos (como Estêvão) para o serviço, instituindo o diaconado.
  • 1 Timóteo 4:14: “Não descuides do dom da graça que há em ti, que te foi conferido mediante profecia, junto a imposição das mãos do presbitério.” Paulo exorta Timóteo a valorizar sua ordenação, destacando o rito da imposição das mãos.
  • Tito 1:5: Paulo instrui Tito a “estabelecer presbíteros em cada cidade“, mostrando a estrutura hierárquica da Igreja primitiva.

Essas passagens não descrevem o sacramento “exatamente” como hoje, pois a Bíblia não é um manual litúrgico, mas demonstram que Jesus e os apóstolos estabeleceram um ministério ordenado, que a tradição desenvolveu em sacramento. O Concílio Vaticano II (Lumen Gentium) enfatiza que a Ordem é uma continuação da missão de Cristo

A Ordem tem raízes na Igreja primitiva e evoluiu ao longo dos séculos:

  • Igreja Primitiva (séculos I-III): Os apóstolos ordenaram sucessores via imposição das mãos, como em Atos. Textos como a Didaquê (século I) e as Cartas de Inácio de Antioquia descrevem bispos, presbíteros e diáconos como essenciais.
  • Idade Média: O Concílio de Trento (1545-1563) definiu a Ordem como sacramento, combatendo reformas protestantes que a viam como mera função. Trento afirmou os três graus e o caráter indelével (uma “marca” permanente na alma).
  • Era Moderna e Vaticano II (1962-1965): O Concílio restaurou o diaconado permanente (para homens casados) e enfatizou o sacerdócio como serviço, não poder. Documentos como Presbyterorum Ordinis destacam a vida de oração, celibato (para o rito latino) e missão evangelizadora.
  • Atualidade: Hoje, há cerca de 5.000 bispos, 415.000 padres e 50.000 diáconos no mundo (dados de 2023). 

Exemplos históricos: São João Maria Vianney (padroeiro dos párocos) exemplifica o presbítero dedicado, enquanto o Papa Francisco enfatizou o “cheiro das ovelhas” para os padres, promovendo um sacerdócio próximo ao povo.

A ordenação é uma cerimônia solene, geralmente celebrada por um bispo em uma catedral ou igreja principal.

A Ordem é vital para a Igreja, pois sem ela, não haveria celebração de outros sacramentos como a Eucaristia ou a Confissão. Seus efeitos incluem:

  • Graça Sacramental: Confere um caráter indelével, capacitando para ministrar em nome de Cristo. Não pode ser repetido ou revogado (embora um padre possa ser laicizado, perde funções, não o caráter).
  • Importância Espiritual: Fortalece a Igreja como Corpo de Cristo, promovendo unidade, santificação e missão. Os Bispos garantem a sucessão apostólica, preservando a fé autêntica.
  • Benefícios para a Sociedade: Padres e diáconos servem em educação, saúde, caridade (ex: Cáritas) e diálogo inter-religioso, contribuindo para o bem comum.

A Ordem é uma vocação divina, não uma escolha casual. Jesus chamou os apóstolos (Mc 3:13-14), e hoje, discernimento envolve oração e orientação. O celibato (para padres e bispos no rito latino) é uma disciplina, não dogma, baseada em Mt 19:12 (“pelo Reino dos Céus”). Permite dedicação total, mas ritos orientais permitem padres casados, bispos não.

Teólogos como São Tomás de Aquino viam a Ordem como participação no sacerdócio de Cristo. No mundo atual, Papa Francisco incentivou um “sacerdócio sinodal”, com mais colaboração leiga. Para leigos, entender a Ordem ajuda a valorizar o clero e participar ativamente da Igreja.

Em resumo, o sacramento da Ordem é o coração da estrutura eclesial, instituído por Cristo para perpetuar Sua missão através de bispos, padres e diáconos. É fundamentado na Bíblia, desenvolvido na tradição e essencial para a vida sacramental.

  • Fundamento: Transmissão apostólica via imposição das mãos.
  • Graus: Episcopado, presbiterado e diaconado, cada um com papéis únicos.
  • Importância: Serviço, santificação e missão para a Igreja universal.
  • Chamado: Uma vocação de dedicação total, com graça para superar desafios.

Fiquem com Deus!!!!

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