
Imposição de mãos
Trata-se de mais um sacramento da iniciação, fortalece o batizado com os dons do Espírito Santo, preparando-o para testemunhar a fé. Muitos jovens recebem este sacramento na adolescência, sentindo um “fogo interior” para viver como cristãos maduros. A Crisma, como sacramento específico, não é explicitamente nomeada na Bíblia da mesma forma que o Batismo. No entanto, a Igreja Católica baseia sua prática em fundamentos bíblicos sólidos, interpretando passagens que descrevem a imposição de mãos, a unção com óleo e a efusão do Espírito Santo como ações que complementam o Batismo. Esses textos são vistos como prefigurações ou descrições do que mais tarde se tornaria o sacramento da Crisma na tradição apostólica.
Essas são as principais passagens bíblicas que a Igreja usa para fundamentar a Crisma. Elas enfatizam a recepção do Espírito Santo de forma distinta do Batismo, muitas vezes através de gestos simbólicos como a imposição de mãos ou a unção:
Atos dos Apóstolos 8:14-17
“Os apóstolos, que estavam em Jerusalém, tendo ouvido que a Samaria acolhera a palavra de Deus, enviaram-lhes Pedro e João. Estes, descendo até la, oraram por eles, a fim de que recebessem o Espírito Santo. Pois não tinha caído ainda sobre nenhum deles, mas somente haviam sido batizados em nome do Senhor Jesus. Então começaram a impor-lhes as mãos, e eles recebiam o Espírito Santo.”
Interpretação: Essa passagem mostra que, após o Batismo, os apóstolos impunham as mãos para que os fiéis recebessem o Espírito Santo de maneira plena. Isso é visto como um precursor direto da Crisma, onde o bispo (sucessor dos apóstolos) realiza um gesto semelhante para “confirmar” e fortalecer a graça batismal.
Atos dos Apóstolos 19:5-6
“Tendo ouvido isto, receberam o batismo em nome do Senhor Jesus. E quando Paulo lhes impôs as mãos, o Espírito Santo veio sobre eles: puseram-se então a falar em línguas e a profetizar.”
Interpretação: Aqui, Paulo impõe as mãos sobre os batizados, e o Espírito Santo desce sobre eles, manifestando dons espirituais. Isso reforça a ideia de que há uma “confirmação” posterior ao Batismo, que concede uma efusão especial do Espírito, similar ao que ocorre na Crisma.
Hebreus 6:1-2
“Por isso, deixando os ensinamento elementar a respeito de Cristo, elevemo-nos a uma perfeição adulta, sem ter que voltar aos artigos fundamentais: o arrependimento das obras mortas e a fé em Deus, a doutrina sobre os batismos e a imposição das mãos, a ressurreição dos mortos e o julgamento eterno.“
Interpretação: A menção à “imposição de mãos” como um ensinamento fundamental do cristianismo é interpretada pela Igreja como uma referência ao rito que evoluiu para a Crisma. É listado separadamente do Batismo, indicando uma distinção.
Outras Referências Indiretas:
Isaías 11:2-3 (Antigo Testamento) descreve os dons do Espírito Santo (sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus), que são invocados na Crisma.
2 Coríntios 1:21-22 Fala de Deus nos “ungindo” e nos “selando” com o Espírito Santo, ecoando o uso do óleo crismal no sacramento.
Efésios 1:13 menciona o “selo do Espírito Santo prometido”, que a tradição católica associa ao “caráter indelével” da Crisma.
Essas passagens não “provam” a Crisma de forma isolada, mas, combinadas com a tradição apostólica (como testemunhada pelos Pais da Igreja, como São Cipriano e Santo Ambrósio), formam a base teológica. A Igreja ensina que os sacramentos, incluindo a Crisma, foram instituídos por Cristo e desenvolvidos pela Igreja primitiva sob a orientação do Espírito Santo (CIC 1210-1284).
O batizado recebe uma efusão especial do Espírito Santo, confirmando e fortalecendo a graça recebida no Batismo. É como um “selo espiritual” que marca o cristão como testemunha de Cristo no mundo.
Elementos do Rito:
- Unção com Óleo Crismal: O bispo unge a testa do crismando com óleo sagrado (crisma), dizendo: “Recebe por este sinal o dom do Espírito Santo.”
- Imposição de Mãos: Um gesto de bênção que invoca o Espírito Santo.
- Profissão de Fé: O crismando renova as promessas batismais, assumindo pessoalmente a fé (diferente do Batismo infantil, onde os pais falam pela criança).
História e Desenvolvimento
- Origens: Como mencionado, remonta à Igreja primitiva. Nos primeiros séculos, Batismo e Crisma eram frequentemente administrados juntos para adultos convertidos. Com o aumento do Batismo infantil, a Crisma foi separada para permitir uma confirmação consciente da fé.
- Pais da Igreja: Santo Agostinho descreve a imposição de mãos como um meio de receber o Espírito para a “luta espiritual”. O Concílio de Trento (século XVI) reafirmou sua importância como sacramento instituído por Cristo.
- Evolução: No Rito Romano atual (pós-Concílio Vaticano II), enfatiza-se o papel missionário do crismado, tornando-o “soldado de Cristo” para evangelizar.
Dons e Efeitos Espirituais
- Dons do Espírito Santo: Baseados em Isaías 11:2, a Crisma concede ou fortalece sete dons: sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus. Esses dons ajudam o cristão a viver a fé de forma madura.
- Efeitos:
- Imprime um “caráter indelével” na alma (semelhante ao Batismo), significando que não pode ser repetido.
- Aumenta a graça santificante, fortalece contra tentações e dá coragem para testemunhar a fé.
- Torna o crismado um membro pleno da Igreja, pronto para a missão apostólica.
Imagine um jovem que foi batizado quando bebê. Na Crisma, ele assume pessoalmente sua fé, como um “rito de passagem” espiritual. Muitos relatam uma sensação de empoderamento, como se o Espírito Santo os equipasse para desafios da vida adulta, como defender valores cristãos em um mundo secular, como em Atos 1:8 “Mas recebereis uma força, a do Espírito Santo que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e a Samaria, e até os confins da terra “. Com a crisma temos um reforço do vínculo com a comunidade eclesial, tornando o crismado responsável por viver e propagar a fé. Na história, santos como Santa Joana d’Arc atribuíram sua coragem à graça da Crisma, que os ajudou em missões heroicas.
Podemos perceber ao longo da história que a crisma promove um fortalecimento pessoal, ajudando em momentos de dúvida ou perseguição, dando “fortaleza” espiritual. Muitos experimentam um “renascimento espiritual”, uma graça abundante, mas não é algo automático, a graça da crisma precisa ser “ativada” pela vida de oração e obras, sem isso pode ser subutilizada.
Um crismado pode usar os dons para tomar decisões éticas no trabalho, resistir a tentações ou evangelizar amigos. Em tempos modernos temos desafios como o ateísmo ou as crises de fé. A crisma oferece ferramentas para uma fé resiliente, sendo um “impulso único” para a maturidade espiritual.
Em resumo, a Crisma é fundamentada em passagens bíblicas como Atos 8 e 19, que mostram a imposição de mãos para receber o Espírito Santo após o Batismo. Ela é essencial para confirmar a fé, conceder dons espirituais e preparar o cristão para a missão no mundo. Sua importância reside em fortalecer a graça batismal, unir o fiel à Igreja e equipá-lo para uma vida cristã madura. Sem ela, a iniciação cristã fica incompleta, mas com ela, o crismado se torna um “soldado de Cristo” pronto para os desafios da fé.
Muito obrigado pela leitura.
Fiquem com Deus!!!!!

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